Poesia Distante
De mim para o outro eu...
sexta-feira, 3 de junho de 2016
B´el Kheyr
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Verso Vivo
Cansei-me do papel,
quero tatuar os meus poemas no teu corpo.
Quero provar o teu gosto a poesia,
morder o verso despido
desfolhar o teu corpo por entre o segredo.
Desenhar cada letra devagar,
juntar ao café da tua pele
ao aroma do teu sorriso,
a firmeza do teu peito
o cansaço das tuas pernas.
Quero beber-te
consumir-te numa tarde,
quando for poeta
e tu meu poema.
Pedro Afonso
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Noites em Lisboa
Atravessa a rua o mais clandestino dos sentimentos,
desliza em passadas comprometidas
com olhos rasgados de quem possui todas as observações,
vem pelo vendaval de silêncio que lhe sopra a calma
e esgueira-se pelas varandas e estendais,
contorna as nódoas de luz pelo chão.
Acende um cigarro,
corrompe as silvas de fumo
e estreita-se até ao próximo beco
cheio de histórias e garrafas secas.
Faltam vinte minutos para as quatro da madrugada
falta meio respirar para a noite ser mais noite
e cobrir a cidade de luzes frouxas,
as estatuas mais verdes bebem dos sonhos
que acabam de sair pela janela,
a poesia sai à rua,
vejo-a disfarçada de poça de água,
escondida nos arbustos a espera do orvalho matinal,
livre sobre o voou e o sono dos corvos
eu sei que ela lá está,
prova-se à distancia a textura granulada das palavras
e respira-se a paciência de todos os livros que foram escritos.
Troco olhares com esse sentimento nefasto, sadio.
Atravesso a rua em jeito néscio,
afasto os meus olhos para o chão,
subo a ladeira,
e apercebo-me de toda uma vida que perdi naquele instante.
Pedro Afonso
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Rouba
Perdoa-me por tudo o que provei
Desfaz todas as minhas duvidas com o teu cheiro
Chama por mim…
Enlouquece o jeito nefasto da minha boca
Inrronpendo a duvida de olhos vendados,
Aclara a cor do meu abraço…
Se prender a música ao meu corpo,
Então a harmonia é toda tua
Deixa-me só roubar o silêncio entre cada nota
A vergonha do teu rosto
E todo o tempo que guardarei para nós.
Debussy
Lembras-me…
as dobras de um pedaço de seda
pintando as arestas da minha calma.
Menino matreiro,
com o toque sedento de sentidos
descobre a intenção da minha melodia,
a disposição do meu corpo,
o lábio mordido nas harmonias
o gesto nu em que me envolvo.
Bebe-me,
junta a tua mão ao meu prazer
o teu conforto ao meu regaço,
adormece a tua voz nos meus olhos,
jardins de noites, sudários discretos,
espelhos lunares de tons sustenidos,
encontra-te comigo quando o sol nascer
no depois…
Pedro Afonso
O tempo que já lá vai...
É um exercício de respiração
um inspirar para recuperar folgo
um olhar para traz
o desdém inaugura cada trago
verga-se a minha língua a tua vontade
o vento geme pelo gargalo
a ânsia da lugar a calma
e bebo-te
bebo-te o corpo
deixo escorrer o teu olhar pelo meu queixo
limpo-me contra o sorriso
Obrigado.
Pedro Afonso
A Nossa História
plantar jardins sobre a nossa memória
e retocar os jeitos com que a noite se ri
Existe nas costas do silêncio uma calma secreta
no amarelo da cidade
no som frio do tejo a caminho do bairro...
Abrigo a recordação do fado no ar,
torna-se intoxicante a leitura da tua voz
o desejo
a lua
e o exoterismo barato
a loucura
e a desilusão
existe na catacumba de um sonho
a paixão de ser mais que homem
Pedro Afonso