A loucura castrada nos olhos de um homem sem tecto,
as trincheiras do tempo no rosto,
são as memórias do medo, da fuga…
a esperança não existe.
Depende-se da força que temos nas pernas
da esperança que temos nos braços,
de um sonho ocasional que vamos provando.
Verga-se o orgulho,
estende-se a mão nua…
enfrenta-se inimigos elementares
enfrentamo-nos,
a solidão vazia, escura,
não há morte
não há vida…
só a falta de razão para existir.
Só se aproveita o desleixo
o cartão, os sacos de plástico, a fome
a moeda preta que irrita…
o homem que vive na margem do sonho
na vergonha.
No nosso espelho.
Pedro Afonso
In "O Gesto do Vento"
1 comentário:
Desculpa a invasão aqui ao teu blog, mas nao posso deixar de comentar este poema...simplesmente porque me apercebi de que não passo de um mendigo como este. e quantos de nós não seremos sem saber? quantos de nós não têm essa mesma falta de razão para viver...?
*ana
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